Em entrevista ao Canal do Boi, o pesquisador Antonio do Nascimento Rosa Ferreira, da Embrapa Gado de Corte, destacou que os touros são responsáveis por 84% a 88% de todo o melhoramento genético que pode ser feito em um plantel. A principal razão disso é que um touro deixa muito mais filhos no rebanho que uma matriz e, portanto, o caminho mais curto para incrementar a qualidade genética do gado é investir em bons reprodutores.
Segundo o especialista, a escolha do reprodutor ideal passa por três pontos cruciais:
Valor genético superior
É de suma importância que o pecuarista use touros comprovadamente superiores, ou seja, que sejam avaliados geneticamente e tenham DEPs positivas para as características de interesse. Além disso, devem ser provenientes de programas de melhoramento sérios, que forneçam informações confiáveis.
Adequação ao sistema de produção
Além de ser geneticamente superior, o touro escolhido deve ser adequado ao sistema de produção, ou seja, deve estar adaptado ao ambiente em que vai trabalhar. Do contrário, seu desempenho reprodutivo ficará aquém do esperado.
Capacidade fecundante e libido
Antonio do Nascimento Rosa Ferreira enfatiza que “não basta ser touro, tem de ser reprodutor”. Mesmo que a avaliação genética do touro seja boa, precisamos nos perguntar: será que ele funciona? Para que a resposta seja positiva, o animal deve ser capaz de identificar o cio das fêmeas, realizar a monta e ainda ter capacidade fecundante, atestada por exame andrológico realizado antes da venda. Já a libido é mais difícil de avaliar, mas algumas características visuais complementam a análise. O pesquisador enumera algumas: musculatura, aprumos, conformação frigorífica e, mais uma vez, destaca a necessária adaptação dos reprodutores às diferentes regiões do país. “Se estamos falando no Brasil Central, é preciso considerar a resistência, a adaptação e a seleção a pasto”, diz Nascimento.
Questionado sobre a viabilidade econômica do investimento em touros provados, Antonio do Nascimento mostra um cálculo simples. Tomando como exemplo um touro com DEP de peso à desmama de 5 kg, isso significa que sua progênie será desmamada com 5 kg a mais, em média, que o restante do rebanho em que o touro foi selecionado. Quando a referência passa a ser um rebanho comercial, que não é submetido à avaliação genética, o ganho tende a ser ainda maior, podendo superar os 15 kg. A um valor em torno de R$ 6,00/kg, cada bezerro traz uma receita adicional entre R$ 100,00 e R$ 120,00. Considerando dezenas de filhos, percebe-se rapidamente que apenas a venda dos bezerros machos e fêmeas de descarte já paga a reposição dos touros. E o pecuarista ainda fica com todo o benefício das fêmeas de reposição superiores que passarão a compor seu plantel.
“A conta é simples: o investimento em touros melhoradores é facilmente coberto pelo aumento da receita obtida com a venda dos bezerros”, constata o pesquisador da Embrapa.