A descarbonização da economia e a política comercial estão entre os principais temas abordados pelo pesquisador Daniel Vargas, professor da FGV Agro e bacharel pela Universidade Harvard Law School, convidado da série Agro Talks Exclusivo, iniciativa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) voltada para as empresas associadas.

Em dois meses acontecerá a COP26, na Escócia, evento que reunirá líderes de 196 países para uma grande conferência sobre os desafios e propostas para o clima. De acordo com Vargas, há grande possibilidade de o encontro chegar a importantes acordos, uma vez que países influentes já confirmaram presença, como Estados Unidos e China, e a União Europeia. “Uma boa parcela das discussões em Glasglow não é necessariamente um produto da ciência com objetivo definido em laboratório. Serão escolhas, rumos pactuados pelos países sobre como eles entendem como cada economia do mundo deve crescer”, explica o especialista.

O prof. da FVG, que também foi ministro interino de Assuntos Estratégicos, destaca que há quatro elementos centrais para a criação de uma economia descarbonizada. O primeiro é a organização de uma métrica de carbono por produto e setor; o segundo é a meta (os países devem indicar o quanto eles se comprometem a reduzir emissões e de prazos limites). O terceiro elemento é a licença: não tem como esperar que os diferentes setores evoluam na mesma velocidade por conta das suas diferentes características e padrões. “Precisamos ter a capacidade de reconhecer essas excepcionalidades”, diz Daniel Vargas.

O último elemento é como será a regulação desse grande mercado de descabornização. “Como vamos configurar essa agência de regulação que, de alguma maneira, vai lidar com as variantes entre países e regiões e ainda ajustar essas métricas e metas de modo de maneira a permitir que possamos avançar na descarbonização?” , questiona.

Daniel Vargas prevê que a Europa apresentará as propostas mais robustas e exigentes de reorganização da economia para os países se readaptarem, pois o continente já utiliza metas, métricas, licenças e regulação. “Por que o limite tem que ser aquele do produtor europeu e não o nosso ou do outro?”, deixa no ar o especialista convidado pela ABMRA.

O pesquisador e professor da FGV Agro também destaca a importância do Brasil se impor durante o encontro em Glasglow e reabre o debate sobre como países em desenvolvimento devem participar da política do clima e qual deve ser a distribuição dos ônus entre nações e regiões para que esse propósito seja atingido. “O mundo precisa se adaptar para que renda e riqueza sejam produzidos ao mesmo tempo em que o dano ambiental seja diminuído, mas quem deve pagar essa conta? Quem é que tem o ônus maior para contribuir para essa conversão verde?”, reflete Daniel Vargas.


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