O Brasil alimenta mais de 900 milhões de pessoas no mundo, é um dos maiores produtores e exportadores de grãos e carnes e tem ¼ do seu PIB no agronegócio. Porém, o setor produtivo enfrenta desafios de imagem: se no campo é um campeão, nos grandes veículos de comunicação circulam questões incômodas, como desmatamento e queimadas. O que fazer para transformar a percepção das pessoas em relação ao agronegócio no Brasil foi o tema central da apresentação que Jorge Espanha, presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), no evento CoopTalks Agro, da plataforma MundoCoop.

Para o dirigente, o primeiro passo é a soma de fortalezas, unificando o discurso, mostrando que o campo põe comida na mesa e gera renda e emprego. “A safra 2021 de grãos superará 270 milhões de toneladas e são mais de 17 milhões de toneladas de carnes. Isso para dar apenas dois exemplos. Além disso, o agro emprega 18 milhões de pessoas direta e indiretamente, e é um impressionante gerador de renda. Somos o único país do mundo que, segundo a EMBRAPA territorial; tem mais de 66% de suas reservas naturais preservadas por produtores consciente e um código florestal único no mundo; São fatos que devem ser valorizados”, ressalta Jorge Espanha.

Em sua apresentação, a ABMRA comparou o posicionamento do Brasil em relação a outros países. “Na Argentina, a expressiva maioria da população, mais de 78% tem orgulho do agronegócio, de acordo com a Pesquisa do jornal CLARIN e se reconhece a qualidade dos vinhos, carne bovina e laticínios; já a Colômbia é um case global de marca com o café e o personagem Juan Valdez com mais de 500 coffee shops no mundo, e 98% dos colombianos acreditam que o Café da Colômbia é o melhor do mundo, de acordo com publicação do Jornal EL TIEMPO”; a China procura mudar sua imagem focando em aumento da produção e em forte campanha em segurança alimentar. A França valoriza seus principais produtos, como vinhos, queijos e laticínios e ao mesmo tempo ataca o Brasil para se fortalecer perante os jovens e partido verde. E os Estados Unidos vai pelo lado do marketing, desenvolvendo campanhas inclusivas como a Got Milk? A mais de uma década no ar com personalidades de Hollywood, para incentivar o consumo de leite, e cerca de 65% dos americanos reconhecem que sem “produtores” não há alimento na mesa, de acordo com American FARM Bureau”. 

Para Jorge Espanha, uma importante diferença é que estes países se comunicam de forma positiva para o consumidor e para o mundo. “O Brasil fica na defensiva e reativa não conseguindo se posicionar de maneira proativa. Em que pese ter muito o que dizer, pois ajuda a alimentar a população mundial”, ressalta.

O presidente da ABMRA defende a definição de uma agenda positiva para o agronegócio brasileiro.  “Estamos entre os maiores produtores de alimentos do mundo e nossa imagem interna e externa precisa melhorar. Cada um comunica para o seu segmento. É preciso ir para fora e de forma setorial trazer uma agenda única para todos os setores”.

Produção sustentável, segurança alimentar, impacto socioeconômico, tecnologia e inovação são elementos indispensáveis dessa agenda positiva do agro, entende Jorge Espanha. “Além disso, é preciso comunicar que o agro é feito por famílias e pessoas. Nossa gente e quem faz toda a diferença”, completa.

O dirigente destacou em sua apresentação que a ABMRA busca fomentar o conhecimento e as boas práticas no marketing agro e criar oportunidades de conexões no setor produtivo. Um dos produtos da entidade é a Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, que chega à 8ª edição e apresenta a visão dos agricultores e criadores sobre o seu negócio e a comunicação. A pesquisa será lançada nas próximas semanas.


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