Crédito: Agência Brasil.

Indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Paolinelli diz ter ‘esperança de que a ciência mostre e demonstre que a árvore vale mais em pé do que caída’

“O desmatamento é um fator que nós temos de coibir. O desmatamento não é vantajoso para o Brasil; a agricultura não depende dele. Ao contrário”, afirmou Alysson Paolinelli durante palestra na conferência virtual “Entendendo a Amazônia”, que acontece até o dia 22 de julho. De acordo com o ex-ministro da Agricultura – indicado ao Prêmio Nobel da Paz –, “a continuar o desmatamento nas proporções atuais, poderá acontecer dificuldades nos chamados grandes rios aéreos”, que “abastecem” regiões produtoras com umidade quente. Essa umidade, que se encontra com as ondas frias que surgem do Sul, provocam chuvas que beneficiam as plantações do país, informa.

“Felizmente, o desmatamento não vem da agricultura: é um fenômeno de especulação de madeireiros que utilizam a madeira da Amazônia para exportar, o que não deve continuar acontecendo. Eles estão contra a lei. A lei ali tem de ser respeitada, porque não há nenhuma vantagem no Brasil com esse desmatamento. Estamos interessados muito mais na abundância biológica na Amazônia. É realmente o maior volume de biologia no mundo e poderá ajudar o Brasil no desenvolvimento pela ciência da bioeconomia, nova fase em que nós vamos entrar”, complementou o ex-ministro da Agricultura.

Mineiro, Paolinelli tem 84 anos e começou a atuar com a agricultura há seis décadas. Nesse período, além de ter assumido a pasta federal da agricultura em 1974, foi secretário estadual da mesma área de Minas Gerais (durante três períodos entre 1971 e 1998) e dirigiu a então Escola Superior de Agricultura de Lavras – que se transformou na atual Universidade Federal de Lavras. No Ministério da Agricultura, sua gestão foi responsável pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Esse trabalho contribuiu para que esse personagem histórico fosse indicado à edição de 2021 do Prêmio Nobel da Paz.

“O Brasil criou, nesses últimos 40 anos, uma agricultura tropical altamente sustentável, com a vantagem de que, só com as tecnologias existentes hoje, poderemos, na área antropizada, ter condições de suportar toda a demanda mundial de alimentos em 2050”, analisou Paolinelli. “No Brasil, a árvore está valendo mais caída do que em pé. Nós temos esperança de que a ciência mostre e demonstre o contrário. Essa é uma tarefa que teremos daqui em diante”, finalizou o ex-ministro.

Entendendo a Amazônia

A conferência, que tem duração de 19 a 22 de julho, tem o objetivo de informar corretamente a sociedade em geral e buscar melhores caminhos para essa riqueza, integrando a preservação com a produção sustentável. Tudo isso sem conotação política. São 28 palestras destinadas a todos os públicos no Brasil e no exterior. O conteúdo ficará gravado e disponível até 31 de julho no site www.entendendoaamazonia.com.br.

“Nesse evento, reunimos pessoas que têm grande conhecimento da região e vão contar objetivamente seus pontos de vista a partir de uma vivência real da Amazônia”, diz Xavier Boutaud, cofundador da Agri-Rex, organizadora da conferência. É uma grande honra e uma satisfação trazer um programa em que lideranças do maior destaque vêm compartilhar generosamente seu conhecimento.”

A programação aborda desenvolvimento sustentável, impacto do desmatamento nas mudanças climáticas e na produção de alimentos, importância da atuação dos fundos internacionais na preservação do bioma e o papel do agronegócio nesse contexto. Sempre com renomados especialistas. “Juntos, nossos palestrantes e entrevistados somam mais de 900 anos de experiência, todos unidos num profundo respeito à Amazônia”, complementou Boutaud.

Primeiro dia de conferência

Além de Xavier Boutaud e Alysson Paolinelli, o primeiro dia da conferência contou com Denis Minev, diretor-presidente da Bemol e cofundador e conselheiro da Fundação Amazonas Sustentável, que abordou o potencial econômico do bioma. Em seguida, a diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar, traçou o histórico dos incêndios florestais na Amazônia e abordou estratégias preventivas para evitar o problema.

Sergio Vergueiro – membro do Conselho do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – e Roberval Lima – doutor em engenharia florestal e pesquisador da Embrapa – debateram como áreas desflorestadas e degradadas na Amazônia são recuperadas pela plantação de castanheiras. À tarde, o jornalista e sócio-diretor da Biomarketing, José Luiz Tejon, salientou que “para entender a Amazônia precisamos enxergar o que está dando errado”.

Já no fim do primeiro dia de palestras, a jornalista Jacqui Fatka – editora de política da norte-americana Farm Progress Companies – apresentou perspectiva dos Estados Unidos a respeito da prevenção de incêndios florestais e de como enfrentar os desafios climáticos mundiais, enquanto Teresa Cristina Vendramini – presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) – falou sobre os desafios do produtor rural na região Norte.

Por fim, a ex-secretária de Coordenação de Políticas para a Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Muriel Saragoussi, palestrou sobre como compreender a Amazônia sob a ótica da sustentabilidade e da sociobiodiversidade, encerrando o primeiro ciclo da conferência.

Dia 20 de julho: entre os principais temas abordados estão questões climáticas, bioeconomia, piscicultura, manejo florestal e a importância dos rios para a produção agropecuária.

Para conferir as palestras, acesse www.entendendoaamazonia.com.br.


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