Salmonella Infantis e outras do grupo C apresentam índices de isolamento cada vez maiores, exigindo programa de controle mais rigoroso inclusive de ordem de saúde pública.

Por Eva Hunka, médica veterinária pela UFRPE, mestre em medicina veterinária preventiva pela Unesp e gerente de negócios biológicos da Phibro Saúde Animal.

As Salmonellas estão amplamente presentes no ambiente, mas seu habitat natural é o trato intestinal dos seres humanos e animais. As perdas geradas por este patógeno vão muito além da produção, pois representam um potencial risco à saúde pública.

As características de gravidade da infecção variam de acordo com a variante da Salmonella envolvida e com a espécie, pois sabemos que algumas Salmonellas provocam sintomas clínicos apenas em determinados hospedeiros. Podemos citar a S. Gallinarum, que provoca doença clínica nas aves, porém tem pouca importância em seres humanos. O oposto acontece para as Salmonellas paratíficas, que, na maioria das vezes, não causam nenhum sintoma clínicos nas aves, sendo, contudo, extremamente importantes em termos de saúde pública.

A contaminação de alimentos de origem avícola é tema recorrente quando falamos sobre infecção em humanos e merece atenção devido à elevada frequência e gravidade. O controle da Salmonella tornou-se parte fundamental para manutenção e ampliação da cadeia da avicultura.

Os sorovares (ou variantes sorológicas) Enteritidis e Typhimurium são frequentemente relacionados à contaminação em produtos de origem animal e infecções em humanos, entretanto existe crescente preocupação com outros sorogrupos – tais como Heidelberg, Senftenberg, Infantis e Minnesota. Entre as Salmonellas paratíficas mais isoladas de aves no Brasil, o sorovar Minnesota tem se destacado pela alta prevalência em amostras de frangos e, juntamente com o Infantis, vem mostrando sinais de perenização nas granjas, como aconteceu com a Heidelberg anos atrás.

A diversidade de sorogrupos torna o controle uma missão árdua, pois os programas abrangentes, por ser complexos, acabam tendo fragilidades. E isso é normal! Por isso, a necessidade de ter vacinas como parte complementar do programa de biosseguridade. As vacinas elevam a barreira sanitária e ajudam a perpetuação de Salmonellas transitórias nas granjas.

Os estudos epidemiológicos demonstram que existe uma dinâmica de adaptação e substituição entre os sorovares. Durante alguns anos, os sorovares Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium destacavam-se. Entretanto, em algumas regiões já ocorre substituição destes por S. Minnesota, S. Tenesse, S. Infantis ou S. Mbandaka, por exemplo.

O aumento crescente do número de refeições fora de casa também fez crescer os casos de notificação de surtos de toxinfecção alimentar em seres humanos, e os casos de infecção por Salmonella, embora costumem atrair a atenção da mídia, são frequentemente subnotificados. Estima-se que cerca de 80% dos casos não são sequer diagnosticados.

A contaminação dos produtos de origem animal pode ocorrer em diferentes etapas do processo produtivo e os estudos epidemiológicos e estratégias de autocontrole permitem que ações sejam tomadas em cada etapa de maneira mais específica e eficiente.

Dentre os sorogrupos que demonstram crescimento na frequência de isolamento, as Salmonellas do grupo C, em especial a S. Infantis, merecem atenção adicional, pois estão frequentemente associadas a casos de infecção em seres humanos e multirresistência a antibióticos.

O uso de vacinas multivalentes (B, C e D) aumentam as barreiras sanitárias e é uma arma eficiente neste combate, em um mercado no qual consumidores exigem cada vez mais segurança microbiológica nos produtos de origem animal, a agroindústria precisa ser incansável na busca de melhorias para atender as expectativas da população. As Salmonellas são patógenos impossíveis de erradicação e suprir a demanda do mercado consumidor só é possível por meio de monitoramento sanitário, implantação de programas de biosseguridade e vacinação das aves.


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